Esta foto foi tirada, creio que em 1969, durante um espectáculo na Feira de S. Mateus, Viseu. A formação do grupo era, naquela data, a seguinte: Mané Veríssimo, Mesquita, Norton e Fausto.
Sou eu mesmo. erá que nos conhecemos? Nos últimos 8 anos tenho estado a tocar percussão num grupo de música tradicional que possívelmente já ouviste falar - MAIO MOÇO.
Creio que pessoalmente não nos conhecemos, mas conheço e aprecio os Maio Moço!
Só agora vi os últimos comentários no post com a capa do EP dos Vodkas. O disco sempre é de 1969 então? Os estúdios do Porto seriam os RM, com o Fernando Rangel? Abraço, João Carlos
Efectivamente o disco é de 69 mas, como já disse, não participei nos trabalhos finais da gravação e confesso não me lembrar com detalhe do estúdio em que foi gravado. De qualquer modo tenho em meu poder mais informação sobre o grupo que posso disponibilizar se nisso houver interesse.
A gravação decorreu já eu tinha sido chamado para cumprir o serviço militar pelo que, embora tenha participado na escolha dos temas e ensaiado todos eles, não pude participar nas gravações que decorriam durante a semana e eu só tinha disponibilidade ao fim de semana. Mas ainda me lembro de ter ido ao Porto 1 ou 2 vezes para acompanhar os trabalhos finais. Quanto ao grupo, recordo-me que ainda durou alguns anos mais, mas não sei exactamente até quando.
È verdade. Era, e penso que ainda é, um excelente músico que trabalhou como produtor musical em França durante os últimos anos. Estive com ele há cerca de 10 anos em Lisboa.
Se é o Luis Monteiro que vivia em Coimbra (Sta. Clara) conheci-o bem e chegámos a tocar juntos (na altura havia uma grande rotação de músicos). Nunca mais soube nada dele.
Esse mesmo!!!!!! :-) Ele tava sempre a falar-me dos Vodkas e ele foi para França com o Mané. O Luis é meu amigo, continua na musica e completamente maluco daquela cabeça!!!!
Verifico que estás bem por dentro destas histórias. Também és deste tempo? És da Figueira, Coimbra ou outra zona? Estás ou estiveste ligado às músicas?
Isto é uma delícia! Quem é que iria escrever, em 2007, "dar o salto para França"? Ora, só mesmo quem viveu a época.
É por isso que estas pequenas histórias personalizadas, têm importância.
Apesar de ainda contar 51, e por isso não ter acompanhado com pormenor adolescente, os anos sessenta, até 1969, lembro-me bem desse tempo.
O que vocês fazem aqui, é retomar o fio da História. Mesmo com pequenos pormenores, mas que dão um panorama a quem ainda se lembrar.
Muitas vezes falo no Salazarismo para retomar uma discussão política sobre aspectos que foram interessantes nessa época.
Não eram interessantes a repressão política aos comunistas, a censura e a mentalidade geral, um pouco reprimida nos costumes.
Mas havia coisas decentes. Mesmo naqueles que foram mobilizados para combater, havia uma mentalidade positiva, em que o faziam para o bem do país. Mesmo despolitizados, os militares aceitavam as coisas, tais como elas eram.
Excelente observação José. Subscrevo-a por inteiro. Eu também andei por Angola (Zala) aos tiros armado em Rambo a pensar, ingenuamente, que estava a defender a minha pátria. Quanto ao Fantomas, para quem tem 32 anos está muito bem documentado. Parabéns!
Eu lembro-me de falar com tipos que vinham de lá, de combater, em Angola, Guiné e Moçambique.
Eram histórias de estarrecer, algumas delas e eram histórias de bravura, por vezes inventada ( imagino), como o fazem os caçadores.
Mas a ideia das picadas, das minas, das emboscadas, da Berliets, dos Rangers de Lamego e das histórias musicais associadas aos treinos ( o que é que vai fazer Domingo à tarde, do Nelson Ned, para acicatar a raiva de quem ficara o fim de semana no quartel) etc etc etc. permaneceram.
Em 1976, faria 20 anos, altura em que seria incorporado, pois tinha ficado apto e não tinha ideia de fugir para lado nenhum. Por isso, em 1974, só aplaudia o slogan "nem mais um soldado para as colónias". Pudera! Mas em 70,71, 72, 73, ouvi muita história de guerra de quem a fez e de quem fez algumas comissões de serviço no Ultramar.
Além disso, o bocado de História que por aqui passa, tem tudo a ver com o ar do tempo.
Se lerem a entrevista que aparece no Século Ilustrado sobre os Académicos, lá vem a inevitável referência á guerra no Ultramar.
Este assunto da guerra tem de ser melhor entrosado no consciente colectivo português, porque é muito importante tratar o passado, para um futuro mais limpo de fantasmas.
Mas por acaso tenho uma boa ideia do que foi o Ultramar, a guerra, o 25 de Abril... O meu pai era militar de carreira, tal como o meu avó. E eles viveram bem tudo aquilo e até a preparação do 25 de abril, só que depois, com o evoluir da revolução...já não acharam muita piada. Portugal tinha saido de uma ditadura e estava a meter-se noutra bem pior.
A História Portuguesa do sec.XX ainda está por escrever. Não é concerteza o sr. Fernando Rosas que a vai fazer!!!!! É preciso ser uma pessoa isenta em questões políticas, que analise os factos como eles foram. O pós-25 de Abril, foi um período da nossa História muito complicado. Onde também houve muitas prisões políticas, vinganças, perseguições de vária ordem, gente a pedir fuzilamentos de certas pessoas. Foi uma época de extremismos!!!!!
A História do tempo passado, deve fazer-se com a objectividade com que se viveu esse mesmo tempo.
O problema é que muitos dos que agora a escrevem, já não eram objectivos nessa altura. Defendiam causas...e por isso, continuam a defendê-las, tal como no passado o fizeram.
Só que a História "é um carro alegre; feito de um povo contente; que atropela, indiferente, todo aquele que a negue" .
É por isso que me reconheço nestas pequenas historietas que me reconduzem á ideia que tinha e com que fiquei desse tempo.
Uma boa parte do interesse em Salazar, actualmente, parece-me a mim que vem dessa vontade de saber como foi.
No blog lojadaesquina, acabei agora mesmo de colocar outras imagens de 68, relativas ao festival da Canção desse ano. Ganhou o Carlos Mendes, com Verão, uma belíssima canção de Pedro Osório.
No entanto, se forem a pedir ao Pedro Osório, hoje, uma versão da história de então, vamos encontrar todos os clichés que a memória do tempo não apagou e que não eram os mesmos que outros viveram. Houve uma reescrita desse tempo histórico e por isso, a objectividade perdeu-se um pouco.
Quem foi perseguido pelo Salazar, não olha do mesmo modo para esse tempo, como quem o não foi e isso nota-se nos escritos correntes.
É esse o problema de Fernando Rosas e dos indivíduos de esquerda.
Ainda há pouco na livraria, deparei com vários livros sobre Salazar e dizia à minha filha pequena para ela contar quantos eram. Contou oito...sobre vários aspectos da vida do Salazar e dessa época.
Para mim, isto é obviamente, um sinal dos tempos. Não é que haja nostalgia do Salazar. Acho que ninguém tem nostalgia disso. O que acho é que as pessoas querem saber mais e melhor como foi. E a versão que os comunistas contaram e contam, não é suficientemente objectiva.
O grande problema da esquerda Portuguesa, reside no facto que eles tiveram o poder em 75! Só que devido a tantos extremismos, tantas parvoices, palhaçadas. Conseguiram com que o POVO não quisesse nada com eles. Ficou demostrado com as primeiras eleições. O POVO não queria mais tirania!!!!! E foi contra a mesma esquerda que "só queria o bem do povo".
Eu não sou nem de esquerda nem de direita! Sei reconhecer que o consulado Salazarista teve coisas positivas, mas também teve coisas muito negativas!!!!! Mas no pós-25 de Abril, as coisas também não eram diferentes!!!!! Muita gente que fez o 25 A acabou por ser saneada apenas porque não era radical se esquerda ou comunista. O sr. Saramago quando tomou conta do DN, só faltou mandar jornalistas para Gulags. Quem não era comunisat ia fora!!!!!! Grande Democracia e Liberdade!!!!!
Porém, a grande vitória da Esquerda, é outra e quanto a mim, ainda mais perniciosa: O domínio da linguagem cultural e política. É um domínio total.
Até a dita direita que em Portugal não existe enquanto tal e estruturada como em França, por exemplo, fala com termos da esquerda.
Andamos a pagar caro, estes trinta anos, esse domínio cultural.
A sociologia por exemplo, que influenciou todo o nosso ensino, foi o pior que alguma vez nos podia ter acontecido culturalmente. Capou-nos aquilo que nos poderia ter levado ao nível em que os espanhóis hoje se encontram: o desenvolvimento económico real e sustentado.
Hoje, o CDS,no Parlamente, denunciou isso mesmo.
Mas que adianta se ninguém percebe o alcance profundo dessas coisas?
PS .Nada tenho a ver com CDS. Nem aliás com qualquer outro partido. E só falo nisto aqui, porque julgo que tem tudo a ver.
Os Académicos e a onda de rock yé yé, surgiu em Portugal porque havia cultura suficiente para tal. Como em Inglaterra surgiu o blues , trazido da América que iniciou a aventura da música popular na ilha. Foi por aí que os Stones e os Beatles começaram: por aprender a tocar os doze compassos.
Por cá, pode saber-se contando a história destes grupos, como vocês o estão a fazer.
O grande problema de Hoje, é que o POVO está farto de ser enganado por mais de 30 e tal anos de mentiras!!!!Prosperidade só para alguns,a corrupção é alarmante e quase toda na esfera política. O País está como está, na cauda da Europa...e de quem é a culpa????? Do Salazar, dizem os políticos. Válha-me Deus!!!!!!!!! Essa cambada de verdadeiros INCOMPETENTES, que fazem erro atrás de erro continuam a bater na mesma tecla. A culpa do atraso é do Salazar!!!! Vieram Biliões para o País e foram gastos em quê?????????? Em nada que fizesse prosperar verdadeiramente o País. As pessoas estão FARTAS!!!!! Por isso viram-se para o passado. Para uma altura em que Portugal era Portugal e não para a futura colónia de reformados da Europa(é o futuro deste País).
Eu como jovem, NÃO ACREDITO NESTE PAÍS!!!!!!!!!!!! Se tivesse vivído nos anos 60, também não acreditava no Portugal dos pequeninos e se calhar dava o "salto para França" . Amo demasiado LIBERDADE para cair em extremismos ou em políticas partidárias. Mas dia após dia somos enganados!!!! O que nos interessa ter vários serviços na net se temos a net mais cara da Europa e uma parte miníma da população tem acesso ás novas tecnologias!!! O que me interessa se temos os melhors Centros Comerciais da Europa se economicamente estamos arruinados!!! Enfim...
É fácil de ver quem manou no PS de há trinta anos para cá e como evoluiu politica e culturalmente.
No PSD, idem.
E são esses os dois principais partidos causadores da miséria nacional. Actual, comprovada e evidente se comparada com os restantes países europeus.
É fácil saber quem fez a COnstituição de 76 e quem a inspirou ideologicamente. Quem não aproveitou a entrada na CEE para um verdadeiro e real desenvolvimento. Quem se anada a locupletar há dezenas de anos neste esquema de sempre: empresas públicas, cronicamente deficitárias, ensino esclerosado, mama do Orçamento de Estado.
E são os mesmos que estão desde o 25 de abril, gente que se aproveitou dos militares para subirem as escadas do poder e ainda lá estão. O que temos hoje são cópias...mas muito más!
Tens Razão!!! Cada vez mais, a política mete-me nojo!!!!! e já se faz tarde!!! Daqui a 5 horas tenho que estar no aeroporto e vou para a civilização. No domingo lá tenho que voltar para esta "COISA". A uníca coisa boa que este "País" ainda tem é a comida e mesmo isso vai acabar graças á nova PIDE, a ASAE. Bom fim de semana para todos!!!!
As conversas são mesmo como as cerejass. Mas é de facto estimulante verificar que ainda há gente com massa cinzenta e, acima de tudo, LÚCIDA que é uma coisa que os políticos não apreciam propriamente. Politicamente falando estou com a maioria...DESILUDIDO. Mas nas fases em que estou mais revoltado com "ISTO" lembro-me da velha frase do Kennedy - "Vê o que podes fazer pelo teu país..." uma vez que acredito mais no cidadão comum do que em qualquer político. Voltando à música e tentando responder ao Bissaide, julgo que o baterista do EP foi o Génito (da Figueira) ou o Gonzaga (de Coimbra).Mas não estou certo da informação que estou a dar. É que já lá vão 40 anos e a memória nem sempre colabora.
Cá por mim comprei o livro "A História da Pide", que irei ler. Como dizia o José Mário Branco , no "FMI" "pois é... essa merda da PIDE e o caraças..." E os 8.000 portugueses (militares) mortos na guerra? Comparar o que se passou depois do 25 de Abril com o que se passou antes? Ainda hoje li um artigo de um tal Luís Campos e Cunha , no "PÚBLICO", onde ela afirma que o PCP continuou no aparelho de Estado durante mais de 10 anos depois do 25 de Novembro. Bem, não sabia que o PCP era tão importante, mas sempre há quem nos elucide. E, depois do 25 de Novembro de 75 , alguém se lembra de qual foi considerado, por um painel de críticos o pior disco do ano de 1976? Nem mais , nem menos que o "Com As Minhas Tamanquinhas" , do José Afonso.Pudera! Estava na moda bater nos "intervencionistas"!!! Era a "Europa Connosco" . Passados dois anos esses mesmos críticos consideraram o "Cantigas do Maio", o melhor disco de todos os tempos, da música portuguesa. Quanto aos DESILUDIDOS, acho-lhes um piadão!!! Desiludidos com quê? Não era isto que eles queriam? Ou esperavam alguma coisa do "Melhor Governo dos últimos 30 anos"?
Quem fez o comentário anónimo fui eu. Não sei porque saiu anónimo.
Caro José:
Já li o livro "Stasi Land", também. Não pertenço a nenhum partido, mas considero-me um homem de esquerda. Lembro-me bem do que se passava em 74 e 75. Leia uma série de livros e ficará admirado. Sabe que o Zé Pedro , dos Xutos, esteve no assalto à Embaixada de Espanha ? Obra de comunistas, portanto... Sabe quem eram os da Comissão de Trabalhadores da Rádio Renascença, em 75, quando esteve ocupada? Talvez fique admirado com a lista de nomes. Sabe que o homem que liderou os trabalhadores na ocupação de Torre Bela ( deque até existe um filme) é hoje militante do PS e diz , agora, com o maior descaramento, que aquilo era um regabofe... Pois é... O grande problema, caro amigo, é este: Em 74 e 75 o povo teve mesmo PODER. Teve mesmo. Nunca o POVO teve tanto poder como nesses anos. E alguns ( sobretudo o PS) nunca descansaram enquanto não tiraram esse poder ao POVO. Houve exageros? Claro que houve... Ninguém nega isso. Mas , onde estavam os líderes dos partidos como Mário Soares, Sá Carneiro, Freitas, etc. Exilados? Não... Lembro-me que a televisão transmitia comícios contra e a favor do Governo, durante horas seguidas.Ora, nas ditaduras isto não acontece... Não havia nenhuma ditadura, escusa de continuar a proclamar esse mito. Lembre-se do mito que afirma ser o Rui Veloso o pai do Rock português. Esse mito continua. Assim como o mito de que em 75 houve uma ditadura, em Portugal. Respirava-se um ar de liberdade, como nunca mais se voltou a respirar.A política era de todos e não só dos políticos. Isso é que doeu a muitos. E nunca perdoaram. Os Genesis tocaram em Cascais , em 75. Numa ditadura? Longe disso... Nunca um concerto foi tão livre. Pergunte a quem lá esteve Mas, até dá impressão que no dia 11 de Março, os spinolistas não tentaram um golpe e não mataram o soldado Luís ( está tudo na canção " O Dia da Unidade" do Zeca Afonso). Considero este blog um dos melhores da música portuguesa, mas como o tema era política (que é muito caro) resolvi intervir.
Tenho 51 anos. Vivi esse tempo todo. Ajudei a fundar associações "desportivas e recreativas". Até desenhei o logotipo de uma delas, local, de freguesia e em que os principais activistas ( do PCP) queriam á viva força incluir o martelo e a foice... Mudei-lhes a foice por uma espiga...e coloquei atrás uma rede de voleibol. Mas o martelo ficou mesmo.
SObre política, 25 de Abril, revolução, pcp, extrema esquerda, sei do que falo porque vivi o tempo e tenho documentos ( comprava o Sempre Fixe e quase todos os jornais e revistas da época...e guardei-os).
O único jornal de Direita dessa época era O Diabo ( e a Rua, vá lá). Ambos "fascistas" e sem direito a referência geral.
Se me disser que a liberdade de expressão em 74-75, era essa, aceito, porque era assim mesmo. Lembro-me bem do próprio Vasco Gonçalves que alguns meses antes, dizia que Portugal devia ser como a Itália ou assim, dizer que o Expresso, o Jornal Novo, o República eram pasquins. Tal e qual. Lembro-me de Saramago sanear a torto e direito ( João Coito, por exemplo) no Diário de Notícias.
Lembro-me do clima insuportável de intolerância para todos aqueles que ousassem questionar as ideias do tempo: todas de esquerda. Até o PSD, teve de se aggiornar, em Junho de 74 e jurar que era da social democracia, sem ponta de direita que se visse. O CDS, coitado, esse insistia em que era "rigorosamente do centro", com Freitas do Amaral a não admitir menos do que esse atestado de democrata...
Podia continuar e escrever um livro sobre o assunto. Aliás, o que tenho escrito em algus sítios, sobre isto, já dava um livro.
Aristides:
O sectarismo, tem limites. E a objectividade é um deles.
caro José: Mas eu estou a ser sectário? E você , não está? Viu alguma ditadura em 74/75? Diga se viu... Eu lembro-me, mas ao contrário. Porque vivia numa aldeia vi cenas ao contrário. Tudo o que era de esquerda era perigoso... E os padres a comandar. Nem o PS podia fazer comícios... Mas, de qualquer maneira, não diz uma única palavra sobre o facto de o POVO ter ou não poder nessa altura. E isso é o principal. Sabe como chama o Soares a essa época ? Anarco-populismo. O que quer dizer alguma coisa. Ou seja, que o PS depois tratou de meter toda a gente "nois eixos", porque isto de ser o POVO a mandar, já chateava. Havia anarquia? Se calhar havia alguma e era bem salutar, ao contrário de agora em que o "respeitinho" é muito lindo.
Vamos a 74-75. Até 11 de Março de 75, os salários subiram de um modo tal que o Silva Lopes ainda hoje diz que foi uma loucura. É isso o poder? Arrebentar com a economia como ela estava organizada é o que V. chama de Poder?
Poder é fazer manifestações contra o "fascismo"? E alguém podia manifestar-se a favor do Caetano e do Estado Novo?
Diga lá que eu pergunto outra vez:
Em 74-75, alguém podia manifestar-se livre e abertamente em apoio de Salazar e Caetano?
É esse o poder de que fala?
E que povo era esse que assim procedia? Não era sectário? Era o quê, então?
Eu percebo muito bem o que quer dizer se me falar da semana que foi de 25 de Abril de 74 a 1 de Maio de 74. Nessa semana,houve sonho. Sonho de um Portugal ocidental, como os restantes países da Europa onde estávamos e de quem estávamos afastados. Sonho de poder continuar um sistema de produção de bens com produtividade crescente e a ritmos nunca vistos desde então ( 7 e 8%). E com democracia de tipo ocidental.
Quem é que acabou com tudo isso?
Eu digo-lhe quem foi. CUnhal, nessa altura em entrevista que tenho e lhe mostro se quiser, disse abertamente que Portugal nunca seria uma democracia de tipo ocidental. O sectarismo de que falo é este.
E já me esquecia: os padres de que fala, nessa altura tinham inteira razão. E a História veio demonstrar que tinham efectivamente razão. O comunismo é um logro, um embuste, um engano. Era isso o que os padres diziam, por motivos óbvios: sabiam que o comunismo em Portugal tentaria acabar com o culto religioso livre, como aconteceu noutros países onde foi implantado.
De resto, tinham muitos compagnos de route: um deles, do MFA, no Aeroporto da Portela, em finais de 74, obrigou o arcebispo de Braga, Francisco Maria da Silva, a baixar literalmente as calças, porque desconfiaram que o mesmo transportava nas cuecas...divisas, para o Brasil! Um bispo a transportar divisas! Esta história é verídica, aconteceu e mostra o clima que vivemos na época.
Bom, para tentar moderar um pouco este debate de ideias. Eu digo o seguinte! O Portugal de Salazar e Caetano foi TERRIVEL, tal como todos os governos que se seguiram. Sobre o "melhor Governo dos ultimos 30 anos", nem tenho palavras para o descrever... mas o seguinte, seja ele de que partido for, vai ser igual. Em Portugal, para mim, houve um GRANDE governante. Foi D. Diniz! Bom...política...realmente é um assunto difícil e que dá volta ao estomago de qualquer um, seja de direita ou de esquerda. Por isso vamos é falar de musica, que é umas das GRANDES alegrias que temos :-)!!!!!
Desculpem meter-me no meio.... desta conversa tão interessante. PARA O FAUSTO - é o Gustavo, lembras-te de mim? Se queres saber o que aconteceu nos ultimos 40 anos contacta-me - guspr@rogers.com
49 comentários:
Esta foto foi tirada, creio que em 1969, durante um espectáculo na Feira de S. Mateus, Viseu. A formação do grupo era, naquela data, a seguinte: Mané Veríssimo, Mesquita, Norton e Fausto.
E há alguma relação entre ti e o Fausto, baterista dos Vodkas?
Sou eu mesmo. erá que nos conhecemos? Nos últimos 8 anos tenho estado a tocar percussão num grupo de música tradicional que possívelmente já ouviste falar - MAIO MOÇO.
Creio que pessoalmente não nos conhecemos, mas conheço e aprecio os Maio Moço!
Só agora vi os últimos comentários no post com a capa do EP dos Vodkas. O disco sempre é de 1969 então? Os estúdios do Porto seriam os RM, com o Fernando Rangel? Abraço, João Carlos
Efectivamente o disco é de 69 mas, como já disse, não participei nos trabalhos finais da gravação e confesso não me lembrar com detalhe do estúdio em que foi gravado. De qualquer modo tenho em meu poder mais informação sobre o grupo que posso disponibilizar se nisso houver interesse.
Fausto, não cheguei a perceber se não chegaste de todo a gravar o disco ou se apenas participaste em algumas faixas.
O grupo acabou ainda em 1969?
A gravação decorreu já eu tinha sido chamado para cumprir o serviço militar pelo que, embora tenha participado na escolha dos temas e ensaiado todos eles, não pude participar nas gravações que decorriam durante a semana e eu só tinha disponibilidade ao fim de semana. Mas ainda me lembro de ter ido ao Porto 1 ou 2 vezes para acompanhar os trabalhos finais. Quanto ao grupo, recordo-me que ainda durou alguns anos mais, mas não sei exactamente até quando.
Um amigo meu falou-me que o baixista do grupo, o Mané, tinha dado o salto para França em 69 ou 70. É verdade???
È verdade. Era, e penso que ainda é, um excelente músico que trabalhou como produtor musical em França durante os últimos anos. Estive com ele há cerca de 10 anos em Lisboa.
Já agora, conhecias o Luis Monteiro???? Que era dos Hi Fi!
Se é o Luis Monteiro que vivia em Coimbra (Sta. Clara) conheci-o bem e chegámos a tocar juntos (na altura havia uma grande rotação de músicos). Nunca mais soube nada dele.
Esse mesmo!!!!!! :-)
Ele tava sempre a falar-me dos Vodkas e ele foi para França com o Mané. O Luis é meu amigo, continua na musica e completamente maluco daquela cabeça!!!!
Verifico que estás bem por dentro destas histórias. Também és deste tempo? És da Figueira, Coimbra ou outra zona? Estás ou estiveste ligado às músicas?
Isto é uma delícia! Quem é que iria escrever, em 2007, "dar o salto para França"? Ora, só mesmo quem viveu a época.
É por isso que estas pequenas histórias personalizadas, têm importância.
Apesar de ainda contar 51, e por isso não ter acompanhado com pormenor adolescente, os anos sessenta, até 1969, lembro-me bem desse tempo.
O que vocês fazem aqui, é retomar o fio da História. Mesmo com pequenos pormenores, mas que dão um panorama a quem ainda se lembrar.
Muitas vezes falo no Salazarismo para retomar uma discussão política sobre aspectos que foram interessantes nessa época.
Não eram interessantes a repressão política aos comunistas, a censura e a mentalidade geral, um pouco reprimida nos costumes.
Mas havia coisas decentes. Mesmo naqueles que foram mobilizados para combater, havia uma mentalidade positiva, em que o faziam para o bem do país.
Mesmo despolitizados, os militares aceitavam as coisas, tais como elas eram.
Por acaso enganam-se!!! Só tenho 32 anos :-), até estou ligado a Coimbra. Apesar de nunca ter morado lá.
Excelente observação José. Subscrevo-a por inteiro. Eu também andei por Angola (Zala) aos tiros armado em Rambo a pensar, ingenuamente, que estava a defender a minha pátria.
Quanto ao Fantomas, para quem tem 32 anos está muito bem documentado. Parabéns!
Obrigado :-)
Eu lembro-me de falar com tipos que vinham de lá, de combater, em Angola, Guiné e Moçambique.
Eram histórias de estarrecer, algumas delas e eram histórias de bravura, por vezes inventada ( imagino), como o fazem os caçadores.
Mas a ideia das picadas, das minas, das emboscadas, da Berliets, dos Rangers de Lamego e das histórias musicais associadas aos treinos ( o que é que vai fazer Domingo à tarde, do Nelson Ned, para acicatar a raiva de quem ficara o fim de semana no quartel) etc etc etc. permaneceram.
Em 1976, faria 20 anos, altura em que seria incorporado, pois tinha ficado apto e não tinha ideia de fugir para lado nenhum. Por isso, em 1974, só aplaudia o slogan "nem mais um soldado para as colónias". Pudera!
Mas em 70,71, 72, 73, ouvi muita história de guerra de quem a fez e de quem fez algumas comissões de serviço no Ultramar.
É por isso que percebo o tempo e a linguagem.
Quanto ao fantomas, tou admirado.
Além disso, o bocado de História que por aqui passa, tem tudo a ver com o ar do tempo.
Se lerem a entrevista que aparece no Século Ilustrado sobre os Académicos, lá vem a inevitável referência á guerra no Ultramar.
Este assunto da guerra tem de ser melhor entrosado no consciente colectivo português, porque é muito importante tratar o passado, para um futuro mais limpo de fantasmas.
Bem, o que eu perdi só neste bocado de tempo! Pois é, há muitas histórias por contar para além das histórias "oficiais"...
Fausto, quem é então o baterista no EP?
Quanto a idades, eu tenho 30 anos...
Abraço!
Ai C.!!!!
Por onde andas????
:-)
Mas por acaso tenho uma boa ideia do que foi o Ultramar, a guerra, o 25 de Abril...
O meu pai era militar de carreira, tal como o meu avó. E eles viveram bem tudo aquilo e até a preparação do 25 de abril, só que depois, com o evoluir da revolução...já não acharam muita piada.
Portugal tinha saido de uma ditadura e estava a meter-se noutra bem pior.
A História Portuguesa do sec.XX ainda está por escrever. Não é concerteza o sr. Fernando Rosas que a vai fazer!!!!!
É preciso ser uma pessoa isenta em questões políticas, que analise os factos como eles foram. O pós-25 de Abril, foi um período da nossa História muito complicado. Onde também houve muitas prisões políticas, vinganças, perseguições de vária ordem, gente a pedir fuzilamentos de certas pessoas. Foi uma época de extremismos!!!!!
Tenho escrito por aí, uma coisa simples:
A História do tempo passado, deve fazer-se com a objectividade com que se viveu esse mesmo tempo.
O problema é que muitos dos que agora a escrevem, já não eram objectivos nessa altura. Defendiam causas...e por isso, continuam a defendê-las, tal como no passado o fizeram.
Só que a História "é um carro alegre; feito de um povo contente; que atropela, indiferente, todo aquele que a negue" .
É por isso que me reconheço nestas pequenas historietas que me reconduzem á ideia que tinha e com que fiquei desse tempo.
Tens toda a razão José!!!!!! Muita razão mesmo...
Uma boa parte do interesse em Salazar, actualmente, parece-me a mim que vem dessa vontade de saber como foi.
No blog lojadaesquina, acabei agora mesmo de colocar outras imagens de 68, relativas ao festival da Canção desse ano. Ganhou o Carlos Mendes, com Verão, uma belíssima canção de Pedro Osório.
No entanto, se forem a pedir ao Pedro Osório, hoje, uma versão da história de então, vamos encontrar todos os clichés que a memória do tempo não apagou e que não eram os mesmos que outros viveram.
Houve uma reescrita desse tempo histórico e por isso, a objectividade perdeu-se um pouco.
Quem foi perseguido pelo Salazar, não olha do mesmo modo para esse tempo, como quem o não foi e isso nota-se nos escritos correntes.
É esse o problema de Fernando Rosas e dos indivíduos de esquerda.
Ainda há pouco na livraria, deparei com vários livros sobre Salazar e dizia à minha filha pequena para ela contar quantos eram. Contou oito...sobre vários aspectos da vida do Salazar e dessa época.
Para mim, isto é obviamente, um sinal dos tempos.
Não é que haja nostalgia do Salazar. Acho que ninguém tem nostalgia disso. O que acho é que as pessoas querem saber mais e melhor como foi. E a versão que os comunistas contaram e contam, não é suficientemente objectiva.
Só isso e as pessoas já perceberam muito bem.
O grande problema da esquerda Portuguesa, reside no facto que eles tiveram o poder em 75! Só que devido a tantos extremismos, tantas parvoices, palhaçadas. Conseguiram com que o POVO não quisesse nada com eles. Ficou demostrado com as primeiras eleições. O POVO não queria mais tirania!!!!! E foi contra a mesma esquerda que "só queria o bem do povo".
Eu não sou nem de esquerda nem de direita! Sei reconhecer que o consulado Salazarista teve coisas positivas, mas também teve coisas muito negativas!!!!! Mas no pós-25 de Abril, as coisas também não eram diferentes!!!!! Muita gente que fez o 25 A acabou por ser saneada apenas porque não era radical se esquerda ou comunista. O sr. Saramago quando tomou conta do DN, só faltou mandar jornalistas para Gulags. Quem não era comunisat ia fora!!!!!! Grande Democracia e Liberdade!!!!!
Porém, a grande vitória da Esquerda, é outra e quanto a mim, ainda mais perniciosa:
O domínio da linguagem cultural e política. É um domínio total.
Até a dita direita que em Portugal não existe enquanto tal e estruturada como em França, por exemplo, fala com termos da esquerda.
Andamos a pagar caro, estes trinta anos, esse domínio cultural.
A sociologia por exemplo, que influenciou todo o nosso ensino, foi o pior que alguma vez nos podia ter acontecido culturalmente. Capou-nos aquilo que nos poderia ter levado ao nível em que os espanhóis hoje se encontram: o desenvolvimento económico real e sustentado.
Hoje, o CDS,no Parlamente, denunciou isso mesmo.
Mas que adianta se ninguém percebe o alcance profundo dessas coisas?
PS .Nada tenho a ver com CDS. Nem aliás com qualquer outro partido. E só falo nisto aqui, porque julgo que tem tudo a ver.
Os Académicos e a onda de rock yé yé, surgiu em Portugal porque havia cultura suficiente para tal.
Como em Inglaterra surgiu o blues , trazido da América que iniciou a aventura da música popular na ilha.
Foi por aí que os Stones e os Beatles começaram: por aprender a tocar os doze compassos.
Por cá, pode saber-se contando a história destes grupos, como vocês o estão a fazer.
O grande problema de Hoje, é que o POVO está farto de ser enganado por mais de 30 e tal anos de mentiras!!!!Prosperidade só para alguns,a corrupção é alarmante e quase toda na esfera política. O País está como está, na cauda da Europa...e de quem é a culpa?????
Do Salazar, dizem os políticos. Válha-me Deus!!!!!!!!! Essa cambada de verdadeiros INCOMPETENTES, que fazem erro atrás de erro continuam a bater na mesma tecla. A culpa do atraso é do Salazar!!!!
Vieram Biliões para o País e foram gastos em quê?????????? Em nada que fizesse prosperar verdadeiramente o País. As pessoas estão FARTAS!!!!! Por isso viram-se para o passado. Para uma altura em que Portugal era Portugal e não para a futura colónia de reformados da Europa(é o futuro deste País).
O professor Marques Bessa, do Porto, chamou-lhes no outro dia, numa entrevista, "sanguessugas". Assim, tal e qual.
Se formos a ver bem quem são, temos umas duas dúzias de indivíduos no centro do poder dos principais partidos.
Se formos a ver quem são verdadeiramente os inner circle, são ainda menos. Cerca de uma dúzia se tanto...
Eu como jovem, NÃO ACREDITO NESTE PAÍS!!!!!!!!!!!! Se tivesse vivído nos anos 60, também não acreditava no Portugal dos pequeninos e se calhar dava o "salto para França" . Amo demasiado LIBERDADE para cair em extremismos ou em políticas partidárias. Mas dia após dia somos enganados!!!!
O que nos interessa ter vários serviços na net se temos a net mais cara da Europa e uma parte miníma da população tem acesso ás novas tecnologias!!! O que me interessa se temos os melhors Centros Comerciais da Europa se economicamente estamos arruinados!!! Enfim...
É fácil de ver quem manou no PS de há trinta anos para cá e como evoluiu politica e culturalmente.
No PSD, idem.
E são esses os dois principais partidos causadores da miséria nacional. Actual, comprovada e evidente se comparada com os restantes países europeus.
É fácil saber quem fez a COnstituição de 76 e quem a inspirou ideologicamente.
Quem não aproveitou a entrada na CEE para um verdadeiro e real desenvolvimento. Quem se anada a locupletar há dezenas de anos neste esquema de sempre: empresas públicas, cronicamente deficitárias, ensino esclerosado, mama do Orçamento de Estado.
Por isso mesmo, fiquemos pela música. Ainda é o que se aproveita.
E são os mesmos que estão desde o 25 de abril, gente que se aproveitou dos militares para subirem as escadas do poder e ainda lá estão. O que temos hoje são cópias...mas muito más!
Tens Razão!!! Cada vez mais, a política mete-me nojo!!!!! e já se faz tarde!!! Daqui a 5 horas tenho que estar no aeroporto e vou para a civilização. No domingo lá tenho que voltar para esta "COISA". A uníca coisa boa que este "País" ainda tem é a comida e mesmo isso vai acabar graças á nova PIDE, a ASAE.
Bom fim de semana para todos!!!!
As conversas são mesmo como as cerejass. Mas é de facto estimulante verificar que ainda há gente com massa cinzenta e, acima de tudo, LÚCIDA que é uma coisa que os políticos não apreciam propriamente. Politicamente falando estou com a maioria...DESILUDIDO. Mas nas fases em que estou mais revoltado com "ISTO" lembro-me da velha frase do Kennedy - "Vê o que podes fazer pelo teu país..." uma vez que acredito mais no cidadão comum do que em qualquer político.
Voltando à música e tentando responder ao Bissaide, julgo que o baterista do EP foi o Génito (da Figueira) ou o Gonzaga (de Coimbra).Mas não estou certo da informação que estou a dar. É que já lá vão 40 anos e a memória nem sempre colabora.
Cá por mim comprei o livro "A História da Pide", que irei ler.
Como dizia o José Mário Branco , no "FMI" "pois é... essa merda da PIDE e o caraças..." E os 8.000 portugueses (militares) mortos na guerra?
Comparar o que se passou depois do 25 de Abril com o que se passou antes?
Ainda hoje li um artigo de um tal Luís Campos e Cunha , no "PÚBLICO", onde ela afirma que o PCP continuou no aparelho de Estado durante mais de 10 anos depois do 25 de Novembro. Bem, não sabia que o PCP era tão importante, mas sempre há quem nos elucide.
E, depois do 25 de Novembro de 75 , alguém se lembra de qual foi considerado, por um painel de críticos o pior disco do ano de 1976? Nem mais , nem menos que o "Com As Minhas Tamanquinhas" , do José Afonso.Pudera! Estava na moda bater nos "intervencionistas"!!! Era a "Europa Connosco" . Passados dois anos esses mesmos críticos consideraram o "Cantigas do Maio", o melhor disco de todos os tempos, da música portuguesa.
Quanto aos DESILUDIDOS, acho-lhes um piadão!!!
Desiludidos com quê?
Não era isto que eles queriam?
Ou esperavam alguma coisa do "Melhor Governo dos últimos 30 anos"?
Por acaso até acho o livro sobre a Pide muito interessante. Bem escrito.
Também há sobre o KGB e sobre a Vida dos Outros que vale a pena ler e ver, para termos uma ideia aproximada do que nos esperava em 1975.
Ou seja, muito pior do que antes, com a tal PIDE...
Quem fez o comentário anónimo fui eu. Não sei porque saiu anónimo.
Caro José:
Já li o livro "Stasi Land", também.
Não pertenço a nenhum partido, mas considero-me um homem de esquerda.
Lembro-me bem do que se passava em 74 e 75. Leia uma série de livros e ficará admirado. Sabe que o Zé Pedro , dos Xutos, esteve no assalto à Embaixada de Espanha ? Obra de comunistas, portanto...
Sabe quem eram os da Comissão de Trabalhadores da Rádio Renascença, em 75, quando esteve ocupada? Talvez fique admirado com a lista de nomes.
Sabe que o homem que liderou os trabalhadores na ocupação de Torre Bela ( deque até existe um filme) é hoje militante do PS e diz , agora, com o maior descaramento, que aquilo era um regabofe...
Pois é...
O grande problema, caro amigo, é este:
Em 74 e 75 o povo teve mesmo PODER. Teve mesmo. Nunca o POVO teve tanto poder como nesses anos. E alguns ( sobretudo o PS) nunca descansaram enquanto não tiraram esse poder ao POVO. Houve exageros? Claro que houve... Ninguém nega isso. Mas , onde estavam os líderes dos partidos como Mário Soares, Sá Carneiro, Freitas, etc. Exilados? Não...
Lembro-me que a televisão transmitia comícios contra e a favor do Governo, durante horas seguidas.Ora, nas ditaduras isto não acontece...
Não havia nenhuma ditadura, escusa de continuar a proclamar esse mito.
Lembre-se do mito que afirma ser o Rui Veloso o pai do Rock português. Esse mito continua. Assim como o mito de que em 75 houve uma ditadura, em Portugal.
Respirava-se um ar de liberdade, como nunca mais se voltou a respirar.A política era de todos e não só dos políticos. Isso é que doeu a muitos. E nunca perdoaram.
Os Genesis tocaram em Cascais , em 75. Numa ditadura? Longe disso...
Nunca um concerto foi tão livre. Pergunte a quem lá esteve
Mas, até dá impressão que no dia 11 de Março, os spinolistas não tentaram um golpe e não mataram o soldado Luís ( está tudo na canção " O Dia da Unidade" do Zeca Afonso).
Considero este blog um dos melhores da música portuguesa, mas como o tema era política (que é muito caro) resolvi intervir.
Aristides:
Tenho 51 anos. Vivi esse tempo todo. Ajudei a fundar associações "desportivas e recreativas". Até desenhei o logotipo de uma delas, local, de freguesia e em que os principais activistas ( do PCP) queriam á viva força incluir o martelo e a foice...
Mudei-lhes a foice por uma espiga...e coloquei atrás uma rede de voleibol. Mas o martelo ficou mesmo.
SObre política, 25 de Abril, revolução, pcp, extrema esquerda, sei do que falo porque vivi o tempo e tenho documentos ( comprava o Sempre Fixe e quase todos os jornais e revistas da época...e guardei-os).
O único jornal de Direita dessa época era O Diabo ( e a Rua, vá lá). Ambos "fascistas" e sem direito a referência geral.
Se me disser que a liberdade de expressão em 74-75, era essa, aceito, porque era assim mesmo. Lembro-me bem do próprio Vasco Gonçalves que alguns meses antes, dizia que Portugal devia ser como a Itália ou assim, dizer que o Expresso, o Jornal Novo, o República eram pasquins. Tal e qual.
Lembro-me de Saramago sanear a torto e direito ( João Coito, por exemplo) no Diário de Notícias.
Lembro-me do clima insuportável de intolerância para todos aqueles que ousassem questionar as ideias do tempo: todas de esquerda. Até o PSD, teve de se aggiornar, em Junho de 74 e jurar que era da social democracia, sem ponta de direita que se visse. O CDS, coitado, esse insistia em que era "rigorosamente do centro", com Freitas do Amaral a não admitir menos do que esse atestado de democrata...
Podia continuar e escrever um livro sobre o assunto. Aliás, o que tenho escrito em algus sítios, sobre isto, já dava um livro.
Aristides:
O sectarismo, tem limites. E a objectividade é um deles.
caro José:
Mas eu estou a ser sectário?
E você , não está?
Viu alguma ditadura em 74/75?
Diga se viu...
Eu lembro-me, mas ao contrário. Porque vivia numa aldeia vi cenas ao contrário. Tudo o que era de esquerda era perigoso...
E os padres a comandar. Nem o PS podia fazer comícios...
Mas, de qualquer maneira, não diz uma única palavra sobre o facto de o POVO ter ou não poder nessa altura. E isso é o principal.
Sabe como chama o Soares a essa época ? Anarco-populismo. O que quer dizer alguma coisa. Ou seja, que o PS depois tratou de meter toda a gente "nois eixos", porque isto de ser o POVO a mandar, já chateava.
Havia anarquia? Se calhar havia alguma e era bem salutar, ao contrário de agora em que o "respeitinho" é muito lindo.
Poder? Povo?
Poder, é ter a possibilidade de mudar as coisas.
O que é que o Poder do povo de então podia mudar?
Vamos a 74-75. Até 11 de Março de 75, os salários subiram de um modo tal que o Silva Lopes ainda hoje diz que foi uma loucura. É isso o poder? Arrebentar com a economia como ela estava organizada é o que V. chama de Poder?
Poder é fazer manifestações contra o "fascismo"? E alguém podia manifestar-se a favor do Caetano e do Estado Novo?
Diga lá que eu pergunto outra vez:
Em 74-75, alguém podia manifestar-se livre e abertamente em apoio de Salazar e Caetano?
É esse o poder de que fala?
E que povo era esse que assim procedia? Não era sectário? Era o quê, então?
Eu percebo muito bem o que quer dizer se me falar da semana que foi de 25 de Abril de 74 a 1 de Maio de 74.
Nessa semana,houve sonho. Sonho de um Portugal ocidental, como os restantes países da Europa onde estávamos e de quem estávamos afastados. Sonho de poder continuar um sistema de produção de bens com produtividade crescente e a ritmos nunca vistos desde então ( 7 e 8%). E com democracia de tipo ocidental.
Quem é que acabou com tudo isso?
Eu digo-lhe quem foi. CUnhal, nessa altura em entrevista que tenho e lhe mostro se quiser, disse abertamente que Portugal nunca seria uma democracia de tipo ocidental.
O sectarismo de que falo é este.
E já me esquecia: os padres de que fala, nessa altura tinham inteira razão. E a História veio demonstrar que tinham efectivamente razão. O comunismo é um logro, um embuste, um engano. Era isso o que os padres diziam, por motivos óbvios: sabiam que o comunismo em Portugal tentaria acabar com o culto religioso livre, como aconteceu noutros países onde foi implantado.
De resto, tinham muitos compagnos de route: um deles, do MFA, no Aeroporto da Portela, em finais de 74, obrigou o arcebispo de Braga, Francisco Maria da Silva, a baixar literalmente as calças, porque desconfiaram que o mesmo transportava nas cuecas...divisas, para o Brasil! Um bispo a transportar divisas!
Esta história é verídica, aconteceu e mostra o clima que vivemos na época.
Isto que aconteceu, é o quê? pluralismo?
Bom, para tentar moderar um pouco este debate de ideias. Eu digo o seguinte! O Portugal de Salazar e Caetano foi TERRIVEL, tal como todos os governos que se seguiram. Sobre o "melhor Governo dos ultimos 30 anos", nem tenho palavras para o descrever... mas o seguinte, seja ele de que partido for, vai ser igual.
Em Portugal, para mim, houve um GRANDE governante. Foi D. Diniz!
Bom...política...realmente é um assunto difícil e que dá volta ao estomago de qualquer um, seja de direita ou de esquerda. Por isso vamos é falar de musica, que é umas das GRANDES alegrias que temos :-)!!!!!
Sim, senhora, a conversa vai mesmo animada.
Continuem! Estou a gostar.
Desculpem meter-me no meio.... desta conversa tão interessante.
PARA O FAUSTO - é o Gustavo, lembras-te de mim? Se queres saber o que aconteceu nos ultimos 40 anos contacta-me - guspr@rogers.com
Já agora!!! Também pertenceste aos VODKAS???? :-)
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